ADRIANA CALCANHOTO | “Margem” é trilha da transformação da artista

ADRIANA CALCANHOTO | “Margem” é trilha da transformação da artista
ADRIANA CALCANHOTO - “Margem” é trilha da transformação da artista

O próximo álbum de Adriana Calcanhoto está previsto para ser lançado ainda no primeiro semestre deste ano.

Por enquanto, a cantora já disponibilizou três canções: “Ogunté”, “Margem” e “Lá, Lá, Lá”.

 

Momento renovador

“Eu, Menos Meu Nome

Menos Meu Reino

Menos Meu Senso

Menos Meu Ego

Menos Meus Credos

Menos Meu Ermo”

Os versos da nova música pontuam um período de transição, no qual a artista busca o caminho do esvaziamento para se renovar.

Adriana Calcanhoto conta que o processo de produção de “Margem” não foi usual e que levou algum tempo na construção.

“É do tipo de canção que projeto, imagino o que possa ser com o que quero dizer e depois levo algum tempo escrevendo”, detalha.

Somente no estúdio, após ter gravado a voz e o arranjo é que a letra foi concluída.

“Tinha algumas opções para determinadas palavras e na hora da gravação, ouvindo minha própria voz, é que ela foi finalizada”.

Ainda sobre o andamento da criação, a cantora reconhece que para ela não é comum esse tipo de procedimento.

“Considero essa operação de ir pro estúdio com material não pronto muito arriscada, mas como tinha já bastante intimidade com as diversas possibilidades, fui gravando, ouvindo e fazendo as escolhas definitivas, sempre a parte mais árdua do trabalho de composição, fazer escolhas, o que significa deixar palavras (ou notas) de fora”, finaliza.

“Margem” traz uma batida que muito bem pensada marca cada frase com a leveza da voz.

“Escolhi uma batida clássica de Bossa Nova, com o aro da bateria bem pronunciado, fiz um loop longo desse beat e fiquei anos compondo em cima somente da batida. Nunca peguei o violão ou pensei em qualquer harmonia prévia”, conta Adriana.

 

Simplicidade em foco

Murilo Alvesso assina a direção do clipe da música que traz apenas a artista enquadrada em formato de retrato enquanto raspa o cabelo.

“’Margem’ é adeus e prazer em conhecer. No ato imperativo da renovação, Adriana encara o tempo e as rotas traçadas para seguir adiante. No começo do fim dessa viagem em três volumes a caminho do mar seu espelho somos nós. Diante de si, o que possui, sem querer posses, e o que pode, sem querer poderes. Vai-se o que precisa ir e a artista é folha em branco, outra vez”, analisa Murilo.

 

Pinceladas de Adriana Calcanhoto

A terceira faixa do álbum “Margem” estreita o contato com a natureza o que é enfatizado com o som do mar entre os elementos.

O clipe de “Lá, Lá, Lá” remete a uma folha em branco, na Adriana Calcanhoto com um pincel e tinta azul começa a escrever “LÁ” na tela.

Segue para as paredes até seu próprio corpo estar inundado de azul.

A artista conta que a música começou a ser escrita antes mesmo da gravação de “Maré”, segundo disco da trilogia do mar.

“A ideia era gravá-la logo, mas, na época da gravação ela estava muito longe de estar pronta. Estava tratando da vontade na natureza, estava lendo ‘Da Natureza de Coisas’, de Lucrécio, e andava especialmente impactada com o que é que faz com que a onda levante e depois quebre. O que seria o motor da onda? O que dá a ela a vontade para levantar e quebrar? Para quê levantar se sabe que vai quebrar? Ou será que não sabe, afinal? Coisas que me parecem que a linguagem não consegue abarcar. E quando em música popular a linguagem não pode com certas questões, usa-se lá lá lá. Esse ‘lá’ da canção, que não é lugar, deságua no lá lá lá em tom festivo e de celebração, com a música dizendo então o que a letra só pode supor”, explica a cantora.  

 

Ogunté

 

Nada Ficou no Lugar

A Xirê Produções lançou álbum “Nada Ficou no Lugar”.

Com aval de Adriana Calcanhoto, o projeto traz a nova cena cantando a obra da artista.

Jaloo, Taís Alvarenga, Duda Beat, Letrux, Baco Exu do Blues, Alice Caymmi, Johnny Hooker e Preta Gil foram alguns dos nomes participantes do disco.