SR. POE | Entrevista com o ator Diaulas Ullysses
O curta-metragem “Sr. Poe” é protagonizado por Diaulas Ullysses. O ator detalha a sua participação neste trabalho e comenta sobre mais essa produção feita por talentos do audiovisual do Grande ABC.
O lançamento do filme será em 24 de setembro de 2021, na Estação Cultura, em São Caetano do Sul.
A história do escritor Edgar Allan Poe é narrada de forma livre na produção.
Confira a entrevista
1 – Quando você recebeu o convite do Ivan para fazer parte do elenco e como protagonista, o que te chamou mais a atenção neste projeto?
Quando ele (Ivan Augusto) me chamou fazia um tempo, acho que no começo do ano – que ele iria realizar um filme e gostaria que eu participasse como ator. Depois, mas pra frente não me lembro bem, se foi em abril ou maio a retomada da conversa – ele me envia o roteiro, mas sem me dizer que personagem faria, pediu para ler e saber o que eu achava do roteiro.
E quando ele me disse que seria o próprio Poe, o protagonista do filme, fiquei chocado – sem palavras – primeiro pelo carinho do convite – não é todo dia que você recebe um convite de protagonizar um filme brasileiro – e segundo o medo de não corresponder às expectativas de fazer o personagem e nem chegar à altura do que o Ivan, como diretor, queria. Eu sempre acostumado a papéis menores e mais leves, cômicos ou românticos – cai na densidade e profundidade de uma personagem dramática, dark, pesada e sensível ao mesmo tempo.
O que me chamou atenção nesse projeto foi o roteiro, pela imersão dentro do universo fantástico, para contar a vida de Edgar Allan Poe, ainda mais sobre sua vida cheia de controvérsias e mistérios – como sua obra.
A estrutura do roteiro permitiu contar em um tempo curto, em um curta-metragem, a vida desse mestre do terror que influenciou gerações.
2 – Por ser um papel bem diferente do que você já havia trabalhado, o que você cita de mais interessante e aprendizados na construção desse personagem?
Realmente foi bem diferente do que eu sempre faço como ator em cinema, comerciais de TV e teatro. Sempre acostumado a papéis menores e mais leves, mas com tom de comédia ou românticos – essa personagem teria de ser explorado o lado dramático extremo.
Eu cito aqui o trabalho de pesquisa que o ator tem de fazer, é necessário e de trabalho de mesa com o diretor e os outros artistas e técnicos. Minha imersão nos estudos era sempre ver, ler e reler sobre a vida e a obra do autor, ver filmes correlacionados. Mas os encontros online, porque o presencial estava limitado, foram os mais importantes na construção e tonalidade da construção da personagem junto com o diretor Ivan – isso foi um grande aprendizado nessa caminhada de criação de uma personagem dramática, pesada como o “Sr. Poe”.
3 – Você já tinha tido contato com a obra do Poe, era um ambiente conhecido?
Eu conhecia alguns poemas, lido algumas coisa quando tinha visto o filme “O Corvo” (The Raven), de 2012, dirigido por James McTeigue – o contexto também sobre os últimos dias de vida de Edgar Allan Poe – e tem como protagonista o ator John Cusack – que faz divinamente a personagem titulo. Eu amo o poema “O Corvo”.
4 – Como a sua experiência do outro lado da câmera como cineasta te ajuda na hora de ser dirigido?
Eu amo dirigir e roteirizar uma história para a realização de um filme – mas acho importante me colocar no lugar dos artistas e técnicos para construir e fortalecer esse meu olhar cinematográfico incansável e faminto. Por isso, quando fico na frente das câmeras eu tento ao máximo entender se fosse comigo como eu precisaria do ator/ atriz ali ou lá – ajudo na hora da composição cênica do set, sem excessos, seguindo a linha e as orientações do diretor Ivan Augusto.
Busquei o máximo de concentração nesse filme, mas foi bem complexa. Porque sou leve demais – e no set quero brincar e não sofrer – mas se eu brincasse com essa personagem ele não sairia – então me contive – parei várias vezes me policiando – porque a turma brinca, provoca cenas engraçadas – e eu tentando não cair na armadilha da leveza, ficava quieto demais.
5 – O que você destaca do trabalho com seus colegas de elenco?
Eu acho importante falar das equipes artística e técnica desse filme – geralmente as pessoas realizam seus trabalhos, vão embora e pronto. Tudo bem, sem drama isso também, profissional, ok. Mas nesse projeto havia uma áurea, uma força estranha (como dizia Caetano Veloso) que unia e acolhia todos e todas – eu conhecia metade da turma, mas mesmo assim percebia a união e comprometimento mais aguçado em todos.
Eu contracenei com pessoas que me olhavam nos olhos de verdade – isso é inspirador num trabalho cinematográfico – porque necessito do real, do olho no olho. Cenas em que o abraço era a força para a personagem fortalecer a plástica da cena – ou… se eu falar tudo aqui vamos escrever uma tese sobre as filmagens do “Sr. Poe” (rs).
6 – Como você enxerga a importância desse curta-metragem para o acervo de cinema do Grande ABC?
O filme de curta–metragem “Sr. Poe” é importante para o cinema do Grande ABC pela sua diversidade do tema em si – realizar um filme de terror quase intelectual – que em suas imagens e sons abordam a plástica embebida do cinema fantástico para contar a história dos últimos dias de vida do escritor Edgar Allan Poe.
Outro ponto positivo para o acervo cinematográfico da região é ele contar a história de um grande escritor que tem uma literatura mundial instigante e sua vida ser rodeada de mistérios como sua obra.
7 – Você tem uma forte atuação no setor audiovisual do Grande ABC. O que podemos esperar de novidades?
Sim, tenho uma atuação bem sólida e crescente dentro do setor audiovisual do Grande ABC, primeiro porque amo cinema e segundo porque amo pessoas e suas histórias.
As novidades estão acontecendo paulatinamente na região e de forma diferente – depois que o advento do digital entrou no foco das escolas de cinemas e realizadores da região – em andar brejeiro e constante as 7 cidades estão colocando e apoiando o fazer cinematográfico como bloco na rua.
Temos ações novas nas cidades de Ribeirão Pires com o “Festival Trilhar de Cinema”, em São Caetano com um olhar renovado da Estação Cultural com sessões de cinema e a continuidade de cursos e oficinas de audiovisual; Diadema e Mauá a força está nos coletivos de cinema que não para de produzir e difundir; Rio grande da Serra apoiando realizadores de cinema a filmar na cidade; e, finalmente, Santo André e São Bernardo do Campo com suas escolas de cinema, ELCV e CAV respectivamente, ainda atuantes e desenvolvendo ações de formação e difusão.
Num olhar distraído parece que nada acontece, mas quando começamos a fluir cinema, pesquisar, produzir – eu encontro pessoas o tempo todo realizando cinema nas sete cidades – isso é muito importante para fortalecer a linguagem.
E as novidades das minhas ações em cinema são: um livro contando a história do cinema em São Bernardo do campo, um curta-metragem sobre uma jovem negra que quer ser estrela de cinema – ambos projetos pela Lei Aldir Blanc de São Bernardo do Campo. E estou num projeto grande de cinema, um documentário independente – que só posso dizer que vai emocionar demais que ama ou amava Fórmula 1.
Veja o trailer de Sr. Poe
Elenco
Diaulas Ullysses (Sr. Poe)
Dimy (Auguste Dupin)
Marcella Romanov (Marie)
Amanda Barros (Raven)
Lili Colonnese (Berenice)
Javier Acuña (Bufão)
Maria Rocha (Fantasma)
Equipe
Roteiro e direção: Ivan Augusto
Direção de arte: Cida Torlai
Direção de Fotografia: Beto Perocini
Som direto: Rubens Nê Viana
Produção: Alcilene Evangelista
Figurinos: Cida Torlai e F. Kokocht
Maquiagem: Alessandra Prates
Still: Marcelo Pimenta
Mágicas cênicas: Dimy
Sr. Poe
Exibição de lançamento. Após o filme haverá bate-papo com diretor e elenco
Data: 24 de setembro de 2021 – 19h30
Local: Estação Cultura de São Caetano (Rua Serafim Constantino, S/N – Piso Superior do Terminal Rodoviário – Centro – São Caetano do Sul)
Ingresso: grátis